Após a Academia publicar uma declaração se recusando a apoiar o cineasta palestino Hamdan Ballal, que foi linchado e sequestrado pelo exército de Israel na última semana, diversos votantes do Oscar decidiram se manifestar.

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O primeiro deles foi o documentarista AJ Schnack (Kurt Cobain: Retrato de uma Ausência), que escreveu um email em resposta ao CEO da Academia, Bill Kramer, e à presidente, Janet Yang. "É difícil para mim expressar adequadamente a minha decepção e raiva pelo péssimo testamento que foi enviado aos membros da Academia e assinado com vossos nomes. Eu estou chocado e furioso que vocês estão, agora, deixando nós, membros, sabermos que vocês vêem o sequestro e espancamento de um premiado recente como algo sobre o qual os membros terão ‘muitos pontos de vista únicos’. Com todo respeito, é uma sugestão verdadeiramente hedionda”, disse o artista.

"Sua declaração deixa claro que a Academia não usará sua voz caso algo assim aconteça a outro membro no futuro - mesmo que seja algo feito por um governo, o nosso ou outro. Na nossa atual situação, não podemos ter essa importante organização calada. Isso não pode seguir, se a Academia realmente se importa com liberdades artísticas e nossos direitos como cineastas", concluiu.

Já nas redes sociais, diversos outros votantes prestaram apoio a Schnack, como Jehane Noujaim, indicada ao Oscar em 2014 pelo documentário The Square, que disse: "Obrigado, AJ. Bravo. Escreverei uma carta também". Já a produtora Ina Fichman, indicada em 2023, afirmou: "Todo o departamento de documentários deveria assinar essa carta e torná-la pública. E escrever para eles [Kramer e Yang] também".

Rachel Leah Jones, diretora do documentário Advocate, vencedor do Emmy, foi além: "Essa resposta da Academia é errada, mas é também um aviso aos membros, incluindo os preguiçosos e confortáveis predominantemente brancos, sob o regime de Trump. Isso não é sobre 'pontos de vista únicos', isso é sobre certo e errado".

Entenda o caso

Ballal foi inicialmente agredido por colonos israelenses em um ataque que aconteceu na última segunda-feira (24), por volta das 18h locais (13h de Brasília). Segundo relato do veículo israelense Haaretz, a confusão começou quando um colono abordou um grupo de palestinos na vila de Susya.

Quando os palestinos pediram que ele se retirasse, dúzias de outros colonos apareceram e começaram a atacá-los com paus e pedras, além de destruir estruturas como tanques de água e carros. Soldados sequestrara a ambulância chamada por Ballal após o ataque, e ele foi levado para uma prisão israelense, de acordo com o relato de Abraham.

Ballal foi libertado e voltou para casa no dia seguinte ao ataque.

Sobre o filme

Sem Chão, dirigido por Abraham e Ballal ao lado de Rachel Szor e Basel Adra, acompanha a luta dos palentinos originários da comunidade de Masafer Yatta, no Sul da Cisjordânia, através dos anos, conforme o exército israelense inicia demolições sistemáticas de suas casas e construções comunitárias, a fim de instalar um campo de treinamento militar na região.

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Sem Chão venceu o Oscar de Melhor Documentário, e ainda está em exibição em alguns cinemas brasileiros. O longa chega ao streaming Filmelier+ em abril.

Fonte: Omelete // Matheus Fiore