O ano mal tinha começado e já fomos surpreendidos com o prêmio de Melhor Atriz de Drama para Fernanda Torres no Globo de Ouro, vencendo nomes como Angelina Jolie, Nicole Kidman e Kate Winslet. Todos sabiam, no entanto, que as “favoritas” da temporada estavam na categoria ao lado, a de Comédia, com Cynthia Erivo (Wicked), Mikey Madison (Anora) e Karla Sofía Gascón (Emília Pérez). Entretanto, desde o Festival de Veneza que o nome de Fernanda Torres sempre vinha circulando em listas e estava sempre ali na beira das previsões para o Oscar. Desde sua vitória em 5 de janeiro, no entanto, o nome da atriz explodiu na mídia americana e ela passou a ser considerada para uma última vaga entre as cinco indicadas. 

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Se levarmos em conta o histórico da relação de vencedores do Oscar e o Sindicato dos Atores, o SAG, pelo qual Fernanda não foi indicada, as coisas complicam um pouco. Apenas três atores conseguiram o feito que ela precisaria: Marcia Gay Harden, por Pollock (2000), Christoph Waltz, por Django Livre (2012) e Regina King, por Se a Rua Beale Falasse (2018). Há ainda um agravante para Fernanda: todos eram coadjuvantes. Se aumentarmos ainda mais as “não indicações” da atriz e adicionarmos a esnobada do BAFTA, aí a lista cai ainda mais, sobrando apenas Marcia Gay Harden.

Fernanda Torres vai bater de frente com um nome em especial: Demi Moore. A atriz que já foi uma das mais bem pagas em Hollywood e viu sua carreira sendo deixada de lado pela indústria ao longo dos anos, conseguiu uma volta - digamos assim - cinematográfica. Estrela de A Substância, onde a protagonista busca em uma “fórmula mágica” o rejuvenescimento que vai fazer ela voltar aos holofotes, Demi Moore se viu em uma história que fala muito sobre sua carreira e sobre a máquina que a escanteou por tantos anos. É o tipo de narrativa de superação e “correção” que a Academia não costuma deixar passar em branco. Foi assim com Brendan Fraser (A Baleia), Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo), Gary Oldman (O Destino de uma Nação) e teria sido com Sylvester Stallone (Creed), caso o prêmio não tivesse escapado para Mark Rylance (Ponte dos Espiões). Além disso, o próprio discurso de Moore ao aceitar o Globo de Ouro chamou a atenção para uma - entre muitas aspas - “necessidade” de finalmente reconhecer sua carreira.

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Qual a chance de Fernanda Torres no Oscar? A atriz brasileira é a queridinha do momento. A campanha da Sony, mesmo que tenha começado atrasada - já que priorizava as atrizes de O Quarto ao Lado -, teve força de colocar Fernanda nas principais publicações de Hollywood, em programas de TV de alta audiência e vem tornando a estrela de Ainda Estou Aqui uma protagonista para essa temporada de premiações. O grande número de votantes de fora de Hollywood que não carregam esse vínculo emocional - e de justiça - com Demi Moore pode sim preferir a atriz brasileira. Soma-se a isso o fato de Ainda Estou Aqui ser um drama mais tradicional, que a Academia costuma se afeiçoar mais do que o suspense-terror de A Substância.

Mais uma vez, a internet pode ser parte fundamental nessa premiação, com Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres figurando listas de aplicativos de filmes, como o Letterboxd, sendo usados em edits e, claro, sempre sendo lembrados e cobrados pela “tropa” brasileira. Uma tropa que deve, inclusive, relembrar os votantes da grande injustiça cometida com Fernanda Montenegro, que perdeu o Oscar para Gwyneth Paltrow há 26 anos.

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Fonte: Omelete // Alexandre Almeida