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Conclave | Explicado: Quem vence a disputa no final e o que representa?

Publicado em 24/01/25 17:00

Dois anos após lançar o remake do drama de guerra Nada de Novo no Front, Edward Berger conquistou a crítica novamente com Conclave, adaptação do suspense de Robert Harris. Na última quinta-feira (23), o filme recebeu 8 indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Ator, para Ralph Fiennes.

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Em nossa crítica, escrevemos que “Conclave acha espaço para discussões atuais, que a escolha do líder de uma potência com mais de 1.3 bilhão de seguidores sempre deveria exigir. É uma missão tão grande quanto salvar o mundo de um conflito nuclear ou desmantelar o assassinato de um presidente, e Berger entende isso ao fazer um dos grandes filmes do ano - e um thriller, no mínimo, sensacional.” Leia completa aqui

É essa escolha e o resultado dela que transformam o filme em um suspense quase de espionagem, usando os corredores do Vaticano para uma série de intrigas e especulações sobre o futuro da Igreja Católica.

 

O que acontece durante o Conclave?

No início da história, após a morte do Papa, temos quatro grandes candidatos ao posto, que serão as principais escolhas no Conclave organizado pelo Cardeal Lawrence, interpretado por Ralph Fiennes. São eles: Bellini (Stanley Tucci), amigo de Lawrence e próximo do antigo Papa, Adeyemi (Lucian Msamati), cardeal africano que pode ser o primeiro líder do continente na igreja, Tedesco (Sergio Castellitto), cardeal que preza por uma igreja clássica e fechada ao progressismo, e o último é Tremblay (John Lithgow), cardeal que teria sido a última pessoa a encontrar o Papa e retirado do cargo pouco antes da morte do líder.

Acontece que antes da primeira rodada de votação começar, um novo cardeal, nomeado pelo pontífice, chega para o Conclave. Benitez (Carlos Diehz) é um mexicano, ordenado em segredo em Cabul, no Afeganistão. Lawrence aceita a entrada dele na disputa e já de cara ele ganha um voto enquanto os outros começam em uma disputa mais acirrada.

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Conforme a votação avança, Adeyemi, que logo descobrimos ser contra pessoas LGBTQIA+, começa a ganhar força, até que Lawrence descobre que ele teve um caso e um filho com uma freira que está no serviço do Conclave. Adeyemi diz que a presença dela ali é uma armação, mas admite o passado, forçando Lawrence a quase ordenar que ele se retire da disputa.

Com um a menos, Lawrence também passa a receber votos, mesmo contra sua vontade. Benitez também aumenta seus votantes a favor, enquanto Bellini, por quem o chefe do Conclave fazia campanha, perde força. Os principais na disputa são Tedesco e Tremblay. Lawrence investiga o cardeal interpretado por Lithgow e descobre a “demissão”. Ele nega, mas depois que Lawrence invade o quarto do antigo Papa - selado desde a sua morte - e descobre documentos que provam a corrupção de Tremblay, ele expõe tudo para os outros votantes, fazendo com que o cardeal saia da disputa.

Temendo jogar a igreja em uma Era das Trevas novamente, caso Tedesco seja eleito, Lawrence, que continua ganhando força, decide aceitar sua candidatura para o cargo. Quando ele vai dar o primeiro voto na rodada, uma bomba explode do lado de fora, seguindo vários atos que já haviam sido comentados durante o filme.

 

Quem vence o Conclave?

Depois das explosões, os cardeais se reúnem em uma sala e Tedesco afirma que a Igreja Católica precisa lutar contra as forças de outras religiões, principalmente a muçulmana, que para ele, seria o inimigo em uma guerra que eles deveriam liderar. Isso deixa claro o paralelo com discursos de guerras santas que promovem conflitos, atentados e outros tipos de violência, colocando o cardeal no mesmo balaio daqueles que acusa. Quem o confronta é Benitez, afirmando que Tedesco nunca viu a guerra ou algo do tipo de perto. O discurso de Benitez leva até a última votação do Conclave, onde ele mesmo acaba recebendo a maioria dos votos para se tornar o novo Papa. 

Ao aceitar o cargo, ele pede para ser chamado de Inocêncio, recebendo aplausos e sorrisos de quase todos ali presentes, inclusive de Lawrence. Pouco tempo depois, o cardeal de Ralph Fiennes é chamado por seu braço direito, que ajudou com as investigações dos outros membros do conselho, e descobre que o novo Papa tinha uma consulta marcada em uma clínica na Suíça e que poderia esconder algum segredo. Vale dizer, essa viagem é citada durante o filme, mas ignorada por Lawrence.

Ao conversar com Benitez, agora Inocêncio, o Cardeal Lawrence recebe uma confissão: Benitez nasceu com partes reprodutoras masculina e feminina. O antigo Papa sabia da condição e mesmo assim o nomeou cardeal. Ao ser perguntado por Lawrence se ele havia removido alguma das partes, Benitez afirma que não, já que ele ser daquele jeito seria, na verdade, “uma obra de Deus”. Lawrence guarda o segredo e vemos que no fim, a escolha do novo Papa é informada ao público.

O final, claro, já causou polêmica entre os conservadores. Megyn Kelly, ex-âncora da Fox News, publicou em suas redes sociais que Conclave é "o filme mais nojento e anticatólico que vi em muito tempo". Ela diz que este tipo de filme nunca faria o que fez com muçulmanos, mas que cristãos e católicos são sempre alvo de zombarias.

Conclave está em exibição nos cinemas.

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Fonte: Omelete // Alexandre Almeida

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