O Brasil tem seu representante no panteão dos lendários veículos de ficção-científica, e seu nome é muito divertido. Agora, ao lado da Enterprise de Star Trek, do DeLorean de De Volta Para o Futuro e tantos outros, está a Cara-de-cavalo. Trata-se da nave de Fujiwara Manchester, o explorador espacial que protagoniza o filme brasileiro de ficção-científica Mundo Proibido, que estreia quinta-feira (27) nos cinemas.

Criado por Alê Camargo na adolescência, o personagem Fujiwara Manchester estreou no conto Vamos dançar, publicado na edição 55 (janeiro/fevereiro de 1992) do fanzine Somnium, do Clube de Leitores de Ficção Científica. O personagem deu origem à série animada brasileira As Aventuras de Fujiwara Manchester e agora volta para sua maior aventura no premiado longa-metragem, vencedor de festivais de animação ao redor do mundo.

Acompanhando Fuji está sua estilosa, rápida e instantaneamente marcante Cara-de-cavalo. Nos bastidores, ela traz um pedigree de primeiríssimo nível. O responsável pelo design do veículo foi o designer de animação digital e consultor Andrew Probert, e os exemplos citados acima não são acidentais.

“Sempre fui nerd, e nos anos 80 lia avidamente revistas como Starlog e Cinefantastique, para tentar entender como aqueles filmes que eu amava eram feitos e por quem. E foi lendo essas revistas que conheci o trabalho do Andrew Probert, e me tornei seu admirador,” relembra Camargo, que dirige o filme Mundo Proibido ao lado de Camila Carrosine.

Andy, como Camargo o chama agora, foi designer conceitual em franquias sagradas da ficção-científica. No Battlestar Galactica original, ele criou os cylons. Na trilogia De Volta Para o Futuro, ele desenvolveu o DeLorean que Marty e Doc Brown usam para viajar no tempo. Mas seu maior feito envolve a nave mais histórica do gênero. Ele criou não só uma, mas duas U.S.S Enterprises de Star Trek. Primeiro para Jornada das Estrelas: O Filme e depois para a icônica Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

“Quando ele aceitou nosso convite para trabalhar na série do Fuji em 2012 fiquei ao mesmo tempo muito honrado e bastante tenso,” admite Camargo. “Não sabia bem o que esperar. Mas o Andy é, além de criativo e profissional, bastante gente boa. Foi um grande prazer trabalhar com ele."

“Ele ficou responsável principalmente pelo design da nave do Fuji, a Cara-de-cavalo. Mas o método de trabalho dele é bastante detalhado, e ele acabou criando vários extras, como um pequeno shuttle para nossos heróis e alguns trajes espaciais bem maneiros. Infelizmente não foi possível usar essas ideias na série, mas eu prometi para ele que se houvesse uma segunda temporada ou um longa a gente daria um jeito nisso,” adicionou o diretor.

Todas essas ideias encontraram uma casa em Mundo Proibido. “No longa, trouxemos ele de volta para fazer um upgrade no Cara-de-cavalo, e também conseguimos finalmente incluir o shuttle e os trajes e algumas coisas a mais Trabalhar com o Andrew Probert foi uma experiência incrível e, para mim, foi um dos pontos altos da produção da série e do longa,” celebra Alê.

A Cara-de-cavalo salta da tela imediatamente, mas Mundo Proibido é um banquete visual completo.

“Quando começamos a etapa de desenvolvimento visual, decidimos que o longa teria essa cara ‘mais artesanal’, que valoriza a mão do artista. A gente queria ver as pinceladas, mais de 600 cenários foram pintados por uma equipe talentosa de ilustradores,” conta Carrosine. “Também tivemos a oportunidade de desenvolver uma etapa de escultura dos personagens e alguns props, o que foi bastante divertido, pois ter essas esculturas físicas nos ajudava a compreender concretamente o estilo do filme e deixava tudo mais ‘real’.

“A gente gosta de chamar nossa técnica de 2.5D, algo que fica entre o 2D e o 3D. Já tínhamos experimentado algo nesse sentido na série As Aventuras de Fujiwara Manchester e em curtas-metragens feitos anteriormente, mas no longa tivemos a chance de aprofundar e aplicar esse conceito. Temos várias cenas nas quais as pinturas foram projetadas em modelos 3D onde conseguimos um movimento de câmera e uma estética bastante interessantes,” ela comenta.

O resultado de todo esse preparo é vibrante, lindo e, para fãs de ficção-científica, imperdível. Mundo Proibido estreia em 27 de março nos cinemas.

Fonte: Omelete // publieditorial