João Silvério Trevisan

João Silvério Trevisan (Ribeirão Bonito, 23 de junho de 1944) é um escritor ficcional e ensaísta, roteirista e diretor de cinema, dramaturgo, coordenador de oficinas literárias, jornalista, tradutor e defensor da comunidade LGBTQIA+ brasileira.

Natural de Ribeirão Bonito, interior de São Paulo, João Silvério Trevisan cresceu em uma família de classe baixa, rodeado por seus irmãos, sua mãe (que lhe incentivava a leitura e a sensibilidade) e seu pai, a quem auxiliava na entrega dos pães produzidos em casa, mas de conturbada relação.

Ex-seminarista, João assumiu sua homossexualidade à época da vigência do Ato Institucional nº 5, período em que seu longa-metragem Orgia ou o Homem Que Deu Cria (1970) foi alvo da censura, impulsionando João em um autoexílio pelas Américas, vivendo nos Estados Unidos (1973/74) e México (1975), após uma viagem de seis meses por onze países da América Latina.

Em sua estada na Califórnia, Trevisan recebeu grande influência da contracultura local, em especial dos movimentos antirracistas, feministas, ecologistas e LGBTQIA+.

Em seu retorno ao Brasil, João foi um dos fundadores do grupo Somos na defesa dos direitos dos homossexuais e de sua descriminalização na década de 1970, bem como um dos fundadores do jornal Lampião da Esquina - periódico em atividade de 1978 a 1981, com distribuição nacional, considerado subversivo no período, por sua defesa de direitos civis e uso de linguagem política afiada, com o emprego de gírias gueis.

Atuou como diretor da oficina literária do SESC, além de ter sido colunista mensal na revista G Magazine. Para além de sua vasta obra literária, que segue em produção, João ministra oficinas de escrita criativa.

Em sua jornada acadêmica, João cursou o ginasial e colegial no Seminário Menor Diocesano de São Carlos (SP); Filosofia no Seminário Maior de Aparecida/Lorena (SP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; possuindo diploma em filosofia (licenciatura plena) pelas Faculdades Associadas Ipiranga (FAI), São Paulo.

João Silvério Trevisan recebeu três vezes os prêmios Jabuti e APCA - Associação Paulista de Críticos de Artes. Sua obra foi traduzida para o inglês, alemão, espanhol, italiano, polonês e húngaro - perpassando o romance, os ensaios, contos e poesia, frequentemente abordando questões relativas ao sentimento de exílio na condição humana, a riqueza da diversidade, a solidão e a esperança.

Dentre homenagens recebidas por sua obra, Trevisan foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, São Paulo, dentro do projeto "O escritor por ele mesmo", em novembro de 2000, bem como pela Câmara Municipal de São Paulo com o título de Cidadão Paulistano, em abril de 2006. Em novembro de 2009, João foi o escritor homenageado no evento Balada Literária, em São Paulo.

Para além de ser considerado um importante autor e ativista no panorama LGBTQIA+ nacional, a obra de João Silvério Trevisan examina, de modo profundo, a própria condição da brasilidade e de seus contrastes.

Em 09 de novembro de 2023, em cerimônia solene, João Silvério Trevisan recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), in verbis, "(...) por sua contribuição intelectual e artística como escritor, tradutor, roteirista, jornalista, diretor de cinema e dramaturgo, e em reconhecimento por sua militância em prol da cultura, das letras, das artes e das lutas da comunidade LGBTQIAP+".